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COLÉGIO NAVAL - 1951
Por Grangeiro

Introdução

A síntese que ora apresento aos companheiros é uma tentativa de preservar a memória de nossa turma quando, ainda, quase meninos, escolhemos a Marinha como nosso segundo lar.

Se cada um de nós deixasse registrado algum fato ou episódio da história de nossa turma, haveríamos de compreender melhor que, na realidade, ela é uma só. Uma só, e grande família onde todos estamos ligados.

No mundo, se algumas pessoas procedessem assim, a história da civilização não seria tão falseada, a separar o homem. Seria, sim, um repositório de histórias individuais.

A forma mais adequada de dar continuidade à vida de nossa própria estirte. Não se permitiria desta forma que a pátina do tempo recobrisse nomes e fatos de nossos antepassados e apagasse os feitos que nos aproxima de Deus, na perfeição e no amor.

Por certo, aqueles que lerem encontrarão erros, omissões ou mesmo dados incompletos. Desde já apresento minhas desculpas e me declaro aberto à correção, acréscimos e/ou complementos já que estamos chegando aos 50 anos (abril 2001).

J.A. Grangeiro Filho

Aluno 161


 

a. Histórico

O Visconde do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos, Mestre insigne das Escolas de Marinha e Militar, foi o primeiro a conceber a formação de um Colégio Naval. Na pasta da Marinha (1853 a 1855), mostrou-se favorável à criação de um «preparatório naval».

Somente em 1873, foi criado o Externato da Marinha (o embrião do Colégio Naval), sendo instalado no prédio hoje ocupado pela Diretoria do Ensino da Marinha. Contudo, não teve sucesso a experiência do Externato.

Surgiu, então, o Colégio Naval, pelo decreto 6440, de 28 de dezembro de 1876, assinado pela Princesa Isabel, à época, Regente, em nome do Imperador. Inaugurado no ano seguinte, passou a funcionar nas instalações antes ocupadas pelo Externato da Marinha.

Em 1886, o decreto 9611 estabeleceu a fusão do Colégio Naval e da Escola de Marinha que passou a denominar-se Escola Naval, sendo instalada na Ilha das Enxadas.

No governo do Presidente Dutra, em 1949, o ministro da Marinha, Almirante Sylvio de Noronha, autorizado pelo decereto 26.403, determinou a elaboração do Regulamento e do Currículo do Colégio Naval. O concurso para as vagas existentes, nas três séries colegiais, ocorreu em fevereiro de 1951. Eram previstas 35 (trinta e cinco) vagas para o 3º (terceiro) ano, 70 (setenta) para o 2º (segundo) e 210 (duzentas e dez) vagas para o 1º (primeiro) ano. Lograram aprovação 328 (trezentos e vinte e oito) candidatos; sendo 11 (onze) para o terceiro ano, e 232 (duzentos e trinta e dois) para o primeiro.

 

b. Turma 1951

Os aprovados para o 3º ano foram matriculados na Escola Naval, na turma do Curso Prévio de 1951.

Em abril de 1951, os aprovados para os 2º e 1º anos foram matriculados e iniciaram o ano escolar, em caráter provisório, em regima de externato, na Escola Naval, sob a direção do CMG Alberto Jorge Carvalhal.

Comandantes de Companhia foram os alunos 2003 - Adelino Martins de Carvalho; 2004 - Eduardo Carvalho Monteiro; e 2005 - João Manuel Castelo Branco Nascimento. Comandavam os pelotões os alunos: 2006 - Antônio Montes; 2007 - Luis Fernando Marcondes Paes Leme; 2008 - Victor Max Soares da Silva; 2009 - Fernando Garcia Cruz; 2010 - Fernando Braile; 2011 - Renato Correa de Brito Fernandes Silva; 2012 - Fernando Tavares de Oliveira; 2013 - Maurício Cabral Coutinho; e 2014 - José Câmara Fonseca. Os chefes de Grupos de Combate eram: Cherem, Fontoura, Mendonça, Maurício, Lenine, Augusto, Bragança, Seabra, Gabriel, Conde, Itayr, Vasconcellos, Castro, Roberto Osório, Carlos, Cavalcante, Botafogo, Magalhães, Gayoso, Humberto, Gilberto, Freitas, Guimarães, Maximiano, Di Palma, Azevedo, e Cunha.

Estatisticamente, o 2º ano 51/CN pode ser expresso da seguinte forma:

Oficiais MB

Turma 21

Turma 22

Total

CA

19

17

36

FN

06

02

08

IM

09

11

20

EN

01

-

01

Academia da Força Aérea

02

01

03

Academia Militar

-

01

01

Vida civil

05

09

14

Falecidos durante o curso

-

02

02

TOTAL

42

43

85

A turma formou 65 (sessenta e cinco) Guardas-Marinha. Trinta e seis (36) no Corpo da Armada, oito (8) no Corpo de Fuzileiros Navais, e vinte (20) no Corpo de Intendentes de Marinha. Da turma do 2º ano sairam quatro (4) Almirantes: três (3) no Quadro de Intendêntes e um (1) no Corpo da Armada. São eles: Nelson Ceriani Bragança (2021), Rberto Osório de Oliveira (2028), Jair Marques Pimentel (2082), e Ney Salvador Dias (2083). A faixa etária abrangia o período de 1931 a 1935, com maior freqüência em 1933.

Os componentes do 1º ano situavam-se na faixa etária de 1932 a 1936, ficando a maior freqüência com os anos 1934/35.

Turma

11

12

13

14

15

16

soma

%

1932

3

2

4

6

5

7

27

11,6

1933

7

8

8

8

8

9

48

20,6

1934

11

16

8

10

12

12

69

29,7

1935

14

10

17

12

11

8

72

31,0

1936

4

3

2

3

3

1

16

7,1

TOTAL

39

39

39

39

39

37

232

100

 

Foram matriculados 232 alunos e 166 terminaram o curso como Guardas-Marinha: 90 no Corpo da Armada; 28 no Corpo de Fuzileiros Navais; 43 Intendentes; e 5 Engenheiros Navais. Um companheiro foi para a Academia Militar das Agulhas Negras e outro para a Polícia Militar do Rio de Janeiro. Sessenta e quatro regressaram à vida civil.

Estatisticamente, podemos estabelecer o seguinte quadro:

Turma

`11

12

13

14

15

16

soma

%

CA

22

17

17

10

14

10

90

38,8

FN

2

3

4

7

5

7

28

12,1

IM

8

10

5

7

8

5

43

18,5

EN

1

1

2

1

-

-

5

2,15

EB

-

-

1

-

-

-

1

0,43

PM

-

-

1

-

-

-

1

0,43

civil

6

8

9

14

12

15

64

27,59

TOTAL

39

39

39

39

39

37

232

100,0

 

A turma do 1º ano fez 3 Almirantes-de-Esquadra, 6 Vice-Almirantes, e 9 Contra-Almirantes, totalizando 18 oficiais generais, sendo: 11 no Corpo da Armada, 4 Fuzileiros Nacvais, 2 Intendentes e 1 Engenheiro Naval. Destes Altes, cinco (1 AlteEsq, 2 VAlte, e 2 CAlte) foram da turma 11; a turma 12 fez quatro (1 VAlte e 3 CAlte); a turma 13 fez três (1 AlteEsq, 1 VAlte e 1 CAlte); a turma 14, um (CAlte); a turma 15, dois (1 AlteEsq e 1 CAlte); e a turma 16, três (2 VAlte, 1 CAlte). A turma do 1º ano em 1951 teve um Ministro da Marinha que também ganhou o Prêmio Greenhalg na Escola Naval, sendo o primeiro aluno durante todo o curso, nosso companheiro Mauro Cesar Rodrigues Pereira.

 

O 2º ano ficou organizado nas turmas 21 e 22. A primeira, com 42 (quarenta e dois) alunos, e, a segunda, com 43 (quarenta e três). O 1º ano foi organizado em 6 (seis) turmas (11 a 16). As cinco primeira, com 39 (trinta e nove) alunos, e a última, com 37 (trinta e sete) alunos.

Em 10 de agosto de 1951, a bordo de dois Contratorpedeiros, já sob a direção do CMG Mário Costa Furtado de Mendonça, ocorreu a transfrência do corpo de alunos, do Rio de Janeiro para as instalações do Colégio, sito em Angra dos Reis, Enseada Baptista das Neves, para as edificações utilizadas até então, pela antiga Escola de Grumetes que, desde 1950, sofria reformas e modificações para alojar a escola preparatória dose aspirantes à Escola Naval.

Aprovados para o 3º ano do Colégio Naval, que tiveram praça de Aspirante do Curso Prévio-51, foram:

1º Edmar José Carrero Portugal - GM(IM), em 1954

2º Geraldo Alão de Queiroz - GM, em 1954

3º Mantho Soares Botelho - civil

4º Antonio Eduardo Souza Trindade - GM, em 1955

5º João Ferreira Bentes - GM(IM), em 1953

6º Armando Ferreira de Carlos - GM(IM), em 1953

Elder Sander de Figueiredo - GM(IM), em 1953

Domingos Alfredo Silva - GM, em 1955

9º Manoel Simões Machado - GM, em 1955

10º Nelson Murillo Martins - GM, em 1954

11º David Ferreira Soares - GM(IM), em 1953

A turma formou nove GM, sendo 4 do Corpo da Armada e 5 do Quadro de Intendentes. Um alcançou o posto de Almirante de Esquadra, e outro, de Contra-Almirante. Cinco foram reformados como CMG, um como CF e outro como CC. A faixa etária abrangia os 5 anos de 1931 a 1934, com maior freqüência em 1933.

c. Primeiras Turmas do Colégio Naval

Os aprovados para o 2º ano, em número de 85 (oitenta e cinco) candidatos, foram matriculados, como dissemos, em abril. O mais antigo foi o aluno Antônio Annibal Leão Mello, nº 2001, que assumiu as funções de Comandante-Aluno, tendo como Sub-Comandante o aluno nº 2002, Ernst Fritz Billwiller.

Com as modificações havidas no curriculum do curso de Aspirante a Guarda-Marinha, na Escola Naval, as turmas do 2º e do 1º ano foram reunidas numa única turma , recebendo, ainda, Aspirantes oriundos do Curso Prévio-51, e Cadetes da AMAN, da AFA, e poucos civis concursados. Esta constituiu-se na maior turma que havia, até então, freqüentado a Escola Naval.

Reunindo os quadros estatísticos anteriormante apresentados, a turma, hoje congregada sob a AACN51, apresenta o seguinte resumo:

AACN51

31

21

22

11

12

13

14

15

16

CP

EB

FAB

civis

TOTAL

CA

3

19

18

22

17

17

10

15

10

17

1

1

4

153

FN

-

6

2

8

3

4

7

5

7

-

5

5

-

52

IM

1

9

12

2

10

5

7

8

5

2

1

1

-

63

EN

-

1

-

1

1

2

1

-

-

-

-

-

-

6

FAB

-

2

1

-

-

1PM

-

-

-

-

-

-

-

4

EB

-

-

1

-

-

1

-

-

-

-

-

-

-

2

civil

-

5

9

6

8

9

14

12

15

-

1

2

-

80

TOT MB

4

35

32

33

31

28

25

27

22

19

6

5

4

274

TOTAL

4

42

43

39

39

39

39

39

37

19

7

7

4

360

Setenta e cinco companheiros já faleceram (Nov 2000), e com 32 perdemos contato por completo.

Os componentes da AACN51 sairam Guardas-Marinha no início e no final do ano de 1955. Alguns, por infelicidade nos estudos, permaneceram por mais tempo na Escola Naval.

Companheiros de turma ocuparam as funções de Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), de Ministro do Superior Tribunal Militar (STM), de Comandante de Operações Navais (CON), de Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (COMGER), e de Diretor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), bem como outras posições navais.

No meio civil, já na Reserva, diversos companheiros tiveram destaques no País. Entre outros, a de Secretário Executivo de Informática, Diretor da Petrobrás, Secretário de Assuntos Aquaviários, Presidente da Fronape, Diretor-Geral do Ministério da Saúde, Prefeito Municipal, e Secretário de Estado e Município. Na área econômica tivemos, entre outros, um presidente de Banco.

No esporte, os componentes da AACN51 tiveram bons destaques. Vários de seus componentes pertenceram a equipes desportivas representativas da MB, bem como de Clubes do estado do Rio de Janeiro e de outros Estados, chegando, alguns, a pertencerem a seleções. Poderíamos citar, entre outros: Ivar, Álvaro e Trindade, no water-polo; Roberto Osório, Gil, Tavares, Oliveira e Silva, Gavião e Grangeiro, no basquete; Célio, Goulart, Padilha e Souza Coelho, no vôlei; Jader e Clóvis, no futebol; Doherty, Trindade e Ivar, na natação; Ely, no arco e flexa; Isidoro, Lenine e Romo, no iatismo; Brandão e Célio, como técnicos de renome nacional; e, na música, compositores e exímios instrumentistas, como Massena, Alecrim e Turano.


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