[Voltar para Seção MUSEU] [Sair desta SubSeção]


 

O NASCIMENTO DA AACN-51

P.R Aguiar Marques
31/01/2003

A vida nos reserva certas surpresas, algumas bastante desagradáveis, mas que podem se transformar em algo muito valioso. De certa forma, foi por isso que nasceu a AACN-51.

Certa noite, cervejando no Clube Naval de Brasília estavam os colegas Cantídio, Pedrosa, Grangeiro, Guimarães Paulistinha, Roy e eu, Paulo Roberto Aguiar (destes eu tenho certeza, mas desculpem se esqueci o nome de mais algum) quando, no meio do papo, o assunto se encaminhou para a dolorosa perda de alguns companheiros em acidentes de aviação. Foram comentadas as mortes do Jorge Vidigal, do Theinert, Ituriel e Cunha, do Fariazinho, Valentim e Felipe, além de outros acidentes sem vítimas.

Como tinha servido em São Pedro d’Aldeia por mais de 5 anos, tendo presenciado todos estes acidentes e, de certa forma, participado ativamente das providências posteriores, pude relatar as reais dificuldades encontradas no atendimento imediato das famílias dos desaparecidos. Eram dias e dias de peregrinação pelos guichês dos bancos, pelas diferentes seções da DIM e da PIPM, pelos balcões das seguradoras, etc., no cumprimento das exigências de uma burocracia monstruosa. Nas repartições navais, embora bastante ajudados pelos colegas IM, sempre incansáveis na solução dos problemas burocráticos, mesmo assim tínhamos dificuldades para acelerar o processo de amparo financeiro aos dependentes dos companheiros falecidos. Na verdade, as exigências formais eram tantas que normalmente as viúvas só começavam a receber a pensão militar, no mínimo, 3 a 4 meses após o óbito.

Durante este período de carência financeira, sem receber os sempre míseros ordenados navais, algumas famílias viviam com a ajuda de parentes e amigos; outras procuravam se alojar sob as asas de pais e mães, como forma de garantir o sustento; algumas voltavam imediatamente para sua terra natal, como foi o caso da esposa do Alemão Theinert, que era americana. Enfim, era uma situação constrangedora que nós, os amigos que ficaram, éramos obrigados a enfrentar, apesar de todos os esforços para solucionar os problemas.

Impressionados com o meu relato, todos decidimos pela criação de uma associação de turma, à semelhança de outras já existentes na MB, inclusive também aproveitando as idéias que o Haroldo Belém já estava começando a desenvolver no Rio, como única forma de prevenirmos situações futuras semelhantes. O objetivo principal da associação seria a formação de um fundo financeiro constituído pelo depósito das contribuições de todos os “associados”, para ajudar financeiramente por curto período as viúvas e dependentes dos colegas que nos deixaram. Serviria, também, como um “balcão de negócios e oportunidades”, onde os que passassem para a Reserva poderiam informar suas novas atividades profissionais, além de permitir um contato mais estreito dos inativos com o pessoal em atividade.

Naquele instante, sob o céu estrelado da Capital Federal, entre uma e outra “loura gelada” era lançada a pedra fundamental da AACN-51.

Também naquele momento “os outros” decidiram atribuir a mim a tarefa de elaborar o estatuto da associação. Mais tarde, em um outro dia, nos reunimos para analisar e aprovar o estatuto que elaborei, ocasião em que, por unanimidade, me elegeram o 1º Presidente da AACN-51, honra que recebi com extrema humildade, muito mais pela bondade dos outros companheiros “brasilienses” do que por merecimento próprio. Ciente que o cargo me impunha grande responsabilidade, procurei a ele me entregar com o máximo de minha competência e dedicação.

Nasceu, assim, por razões momentâneas com sede em Brasília, DF, a nossa associação, fruto da grande preocupação que tínhamos com o que poderia acontecer com os alunos da 1ª turma do Colégio Naval e com seus dependentes diretos, e da necessidade de apoiarmos os colegas mais necessitados. Afinal, como bem disse o Grangeiro no seu editorial sobre a história da nossa Turma, fomos, somos e sempre seremos uma verdadeira Família com “F” maiúsculo.

Mais tarde, por questões de facilidades e por concentrar um contingente maior de associados, a AACN-51 foi transferida para o Rio de Janeiro. Se a memória não me falha - e ela já está ficando bem gasta! - o Fernando Nascimento foi o Presidente da transição (opa! Será que foi mera coincidência, ou o nome teve algum efeito?) e quem inaugurou a fase carioca da AACN-51.

 

Solicitamos subsídios para esta página

Atualização: Fev/2003 por:

Você está na Subseção História da AACN51
Para ir a qualquer seção ou subseção: